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Foto do escritorPrêmio PIEC

Pomar Científico de 2022

Como é que o Brasil consegue revelar tantos Pelés, Rivelinos, Zicos, Romários, Ronaldos, Ronaldinhos e Richarlisons?

Pelé, o atleta do século XX, comemorando o milésimo gol marcado. Ao se dirigir aos jornalistas Pelé bradou: "Pelo amor de Deus, o povo brasileiro não pode esquecer das criancinhas, as criancinhas pobres, as casas de caridade. Vamos pensar nisso. Não vamos pensar só em festa...". Pelé foi eleito o atleta do século e marcou ao longo de sua carreira, 1283 gols. | FOTO: Reprodução / Arquivo Santos Futebol Clube.

Um Brasil com dimensões continentais, com sérios problemas sociais e desigualdades extremas na sociedade. Como pode um país com tais características revelar tantos talentos futebolísticos?


A aposta do PIEC é de que a resposta esteja na quantidade, na soberania da probabilidade, ou seja, quanto mais vezes algo for tentado, maiores são as chances de que esse “algo” se concretize.


Por muitas décadas o futebol foi o remédio mais eficiente para autoestima brasileira. Um povo sofrido, com cidadãos recém libertos da escravização, mas ainda sem condições dignas de existência e trabalho, se agarraram nas expressões mais abundantes da felicidade, como a arte, a cultura e o esporte.


Tudo bem que o futebol é um esporte que parece ter sido feito para o Brasil, ou, no mínimo foi apossado e lapidado pelo o gingado brasileiro, o maior campeão mundial. Para jogar, precisa basicamente de um pedaço de chão – coisa que sobra no brasil – e qualquer objeto que se pareça com uma bola. Vale bolas de papel, meias, trapos, retalhos de câmara de pneu. Qualquer coisa que possa ser chutada já virou bola, para entrar nos gols improvisados de chinelos. Uma cena facilmente formada na cabeça de qualquer cidadão brasileiro, uma cena que já foi realidade em qualquer lugar desse enorme país. Com tantas “peladas” acontecendo em ruas, quadras, praças e campos de várzea, temos potencial para revelar um grande talento por dia, para o futebol mundial.

Parte dos equipamentos do Laboratório Legado, com mais de 450 itens, doado na 1ª edição do PIEC para o Colégio Estadual Jardim Porto Alegre, de Toledo - PR. Vencedora das categorias "Pomar Científico" e "Instituição Pública do Ano" de 2021. FOTO: Divulgação 1º PIEC.

Por outro lado, muito distante da simplicidade do onipresente futebol, a ciência precisa de equipamentos um pouco menos improvisados e a criatividade, diferentemente de quando empregada em um drible, não pode reinar absoluta, precisa de instrução, de regras, definições, conceitos e fórmulas complexas, que fogem da compreensão espontânea. Diferente do futebol que exige tanta técnica, quanto improviso e criatividade para surpreender os adversários.


Vítima de uma histórica falta de planejamento Estatal para a educação, a ciência tem dificuldade de se expressar no cotidiano dos nossos jovens estudantes. A falta de equipamentos é só a ponta do iceberg, mas o problema passa pela falta de um conteúdo programático universal que priorize o ensino científico como solução para pequenos problemas locais; ausência de um plano de carreira atrativo e digno para os professores; e até pela falta de integração entre as disciplinas ensinadas nas escolas, algo que acaba por compartimentar um conhecimento que na vida real é fluido e permeia pelas mais diversas matérias e práticas que preenchem nosso dia a dia.


A única solução possível para que o Brasil priorize a educação e entre de vez para a era da economia do conhecimento, é a prática científica precoce, permitindo que os estudantes pensem ciência desde sua primeira infância, tal qual acontece com o esporte. Começando com conceitos simples e mais fáceis de serem demonstrados e reproduzidos. Rapidamente os estudantes entenderão a ciência com mais naturalidade, da mesma forma que os dribles, passes e chutes, melhoram conforme os jovens praticam o esporte.

Estudantes do Clube de Ciências do Colégio Jardim Porto Alegre e a professora orientadora Dionéia Schauren, recebendo o Laboratório Legado da 1ª edição e os prêmios pela vitória nas categorias "Educadora Inspiradora", "Pomar Científico" e "Instituição Pública do Ano" de 2021. FOTO: Divulgação 1º PIEC.

Trocando em miúdos, o PIEC considera que, durante a educação básica que compreende as séries desde a 1ª série do ensino fundamental até o 4º ano do ensino médio/médio-técnico, a quantidade de projetos desenvolvidos com os estudantes, é mais importante do que a qualidade ou sofisticação propriamente dita. A qualidade e o requinte técnico, o amadurecimento científico dos estudantes poderá trazer de forma orgânica no momento oportuno, o que as escolas precisam é criar o ambiente ideal de experimentações frequentes, para que haja o despertar das aptidões científicas em alguns desses estudantes que poderão florescer para a vida acadêmica e até para a indústria de soluções.


Nessa fase da infância e da adolescência, é mais importante que os estudantes entendam o comportamento da bola, o tempo do jogo e dos lances, os efeitos de cada tipo de chute e passe, o entendimento tático virá mais tarde, de acordo com os desafios que se apresentarem. Com a ciência é parecido. Se os estudantes digerirem, desde jovens, os conceitos mais primários nas diferentes áreas das ciências, o desenvolvimento e amadurecimento do conhecimento será muito mais simples por assimilação e compreensão através do repertório de princípios científicos aprendidos desde a infância.


Entendida a importância da prática recorrente e do volume de experiência a que os estudantes são submetidos e observado o critério quantitativo, não há dúvidas, o Colégio Estadual Jardim Porto Alegre é bicampeão na categoria “Pomar Científico”.


Após vencer as categorias “Pomar Científico” e “Instituição Pública do Ano” na primeira edição do PIEC e receber o laboratório legado, o Clube de Ciências do Colégio Jd. Porto Alegre volta mais forte do que nunca, fazendo valer o prêmio recebido e apresentando 30% mais projetos do que na primeira edição.


Colégio Estadual Jardim Porto Alegre, Toledo - PR. Escola BICampeã da categoria "Pomar Científico".

Com nada menos do que 13 projetos inscritos, um terceiro lugar na categoria Consciência Circular com o projeto “PRODUÇÃO DE TILÁPIA ALIADA AO DESEMPENHO PRODUTIVO DE OLERÍCOLAS EM DIFERENTES SUBSTRATOS FIXADORES EM UM SISTEMA DE AQUAPONIA”, o clube de ciências – orientado pela “Educadora Inspiradora” da 1ª edição, Dionéia Schauren – conseguiu ainda um 7º lugar na classificação geral.

Com o mesmo projeto e 572,76 de média de pontos, o colégio Estadual Jardim Porto Alegre é o vencedor da categoria “Pomar Científico” da 2ª edição do PIEC.


Parabéns aos professores, equipe administrativa, direção, funcionários, pais, estudantes e cidadãos do entorno da escola, parabéns a todos que de alguma forma, participam e apoiam a comunidade escolar. Esperamos que o clube de ciências dê ainda mais frutos e seja o Pomar Científico por muitas outras edições. O Brasil agradece.


A 2ª edição do PIEC presta suas homenagens ao Pelé, o atleta do século (23/10/1940 - 29/12/2022). Segue abaixo o discurso completo de Pelé, ao marcar o 1.000º gol.


Pelo amor de Deus, o povo brasileiro não pode esquecer das criancinhas, as criancinhas pobres, as casas de caridade. Vamos pensar nisso. Não vamos pensar só em festa. Pelo amor de Deus, olha o Natal das crianças, olha Natal das pessoas pobres, dos velhinhos cegos. Tem tantas instituições de caridade por aí. Pelo amor de Deus, vamos pensar nessas pessoas. Não vamos pensar só em festa. Ouça o que eu estou falando. É um apelo, pelo amor de Deus. Muito obrigado. Essa camisa aqui eu agradeço a todos vocês terem apoiado. Essa camisa aqui e essa bola do jogo de hoje eu vou oferecer para a minha filha, vocês já sabem. Em nome da minha filha, quero oferecer esse milésimo gol a todas as crianças do mundo Não foi fácil esse gol. A minha situação. Quase todo Maracanã pedindo para eu bater uma penalidade em um jogo difícil desses.

Edson Arantes do Nascimento, PELÉ!

19 de novembro de 1969

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