Classificação Geral: 1º lugar (Vencedor das categorias Futuro Brilhante e Consciência Circular)
Estudantes: Amanda Ribeiro Machado
Orientação: Flávia Santos Twardowski Pinto
Escola: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande Do Sul – IFRS.
Cidade: Osório – RS
O projeto vencedor da 2ª edição do PIEC, “Desenvolvimento De Celulose Bacteriana Produzida A Partir De Resíduos Do Processamento Da Uva” é um projeto que conversa com a urgência do nosso tempo. Um dos indícios disso é a quantidade de projetos que combatem o problema chamado “plástico”. Apenas no TOP 5 dessa edição esse é o terceiro projeto a enfrentar esse problema, dessa vez com uma abordagem diferente, bem mais complexa e completa.
A professora Flávia está cada vez mais especialista na orientação de projetos da Economia Circular. Na primeira edição, o projeto orientado por ela e desenvolvido por Laura Drebes, BioStretch, um plástico biodegradável, foi campeão da categoria Consciência Circular, após ter utilizado rejeitos da produção de nutracêuticos, como casca de beterraba e sabugos de milho na produção de polímero estável, resistente, translúcido e flexível. Esse ano voltou com um projeto ainda mais complexo e dinâmico, realizado por outra brilhante estudante, Amanda Ribeiro Machado.
Responsável por 90% da produção brasileira de sucos e vinhos, o estado do Rio Grande do Sul gera uma enorme quantidade de rejeitos agroindustriais e foi graças a essa abundância que o projeto partiu em busca de algumas possibilidades de emprego desses resíduos, aumentando a utilidade do recurso, antes de seu descarte definitivo.
Através de um processo de fermentação estática, os resíduos de bebidas fermentadas (vinho), resultaram em uma biomembrana, ou, membrana biodegradável, uma celulose bacteriana com características diversas, como múltiplos níveis de rigidez, flexibilidade, excelente absorção de líquidos e resistência a forças de tração.
Esse acúmulo de características dá à biomembrana uma infinidade de possibilidades de emprego que vai desde a substituição do plástico para a composição de material similar, até o uso em células de energia, servindo como membrana de troca de prótons em um moderno processo de geração de energia através de reações químicas, sem a necessidade de combustão e sua respectiva nociva liberação de gases do efeito estufa.
A mera e hipotética possibilidade de uso de uma biomembrana, como membrana de troca de prótons no processo de produção de energia, através de células combustíveis PEMFCs (em inglês: células combustíveis com membrana de troca de prótons), coloca nossas esperanças a respeito do futuro do Brasil nas alturas. Está se falando de ciência de alta complexidade sendo pesquisada, praticada, explorada e enriquecida no ensino médio do ensino público brasileiro.
Claro que esse resultado traduz as diretrizes educacionais e o conteúdo programático proposto pelo modelo de ensino dos Institutos Federais, que em geral apresentam um ensino de excelência, contando com carreiras dignas para seus educadores e um constante investimento no equipamento dessas unidades de ensino, mas fica ainda mais nítido que há entre todos os projetos que acabam por vencer, ou até, dentre os projetos que ficam bem classificados, um fator em comum que é a entrega de grandes educadores dedicados à prática científica, à ampliação das fronteiras do ensino e capazes de envolver seus estudantes com o encantamento das descobertas.
Projetos como o “Desenvolvimento De Celulose Bacteriana Produzida A Partir De Resíduos Do Processamento Da Uva” endossam a visão de mundo do PIEC e prova que a escola, além de um portal para desbravar o mundo do conhecimento científico, pode e deve ser o ´primeiro estágio da prática científica, com capacidade para criar soluções realmente viáveis para problemas locais de considerável complexidade, como a utilização de um resíduo ambiente.
No que depender dos esforços do PIEC e de educadores dedicados, como a professora Flávia, o Brasil será o país das grandes inovações e revoluções da tecnologia verde. Capacidade e talentos o país tem, falta o apoio para os projetos se concretizarem.
Uma parte desse apoio o PIEC está cada vez mais pronto para oferecer. A outra parte, muito maior, depende da comunidade escolar, das sociedades, das forças políticas e das agendas programáticas do país.
O futuro depende de todos nós.
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